PROJETO ESCOLA ABERTAPensarmos a educação no século XXI implica pensarmos o processo de transformação que a sociedade atravessa e de como tais mudanças afetam o sujeito da educação. A sociedade passa por mudanças macro-políticas no que se refere ao modo de governo do país em que vivemos e das relações internacionais, como também sofre mudanças na família, no modo como ela é constituída e de como seus membros se relacionam. Tais transformações também ecoam na educação e no ambiente escolar.
Diante desse processo de mudanças de paradigmas levantamos as seguintes questões: a que sujeito se direciona o processo educacional do “CEJDC”? Que princípios norteiam este processo educacional? Duas palavras nos atravessam como metas a serem estabelecidas e seguidas: alteridade e respeito - É este princípio o norte da educação no século XXI.
Por que “alteridade e respeito” e não “alteridade e tolerância”? Porque a palavra tolerância traz um significado em desacordo com as mudanças propostas, tolerar o outro não é o mesmo que respeitar o outro e de estabelecer um diálogo para uma troca de experiências e percepções em torno do mundo que nos cerca e do que vivenciamos.
Estabelecemos “alteridade e respeito” como palavras-chaves para uma convivência harmoniosa no “CEJDC”, como meta estabelecemos a “democratização ao conhecimento e o acesso a este” e como lema “todos pela educação”. A pedra fundamental deste processo é a “continuidade das ações” e não a existência de ações isoladas sem fundamentação teórica, todas as ações desenvolvidas devem ser embasadas de acordo com o que regulamenta a Constituição Federal Brasileira, a Lei de Diretrizes e Bases da educação, o MEC, a SEC, a Direc 12 e o regimento interno do “CEJDC”.
Frente este quadro de mudanças paradigmáticas propomos o projeto “ESCOLA ABERTA”, inspirados pelo conceito do artista-pop norte-americano Andy Warhol de “Open-house”, artista este que abriu as portas de sua casa transformando-a num laboratório em permanente questionamento e para uma troca de experiências e vivências com outras pessoas além do conhecimento meramente acadêmico.
O projeto “ESCOLA ABERTA” fundamenta-se na Constituição Federal Brasileira, artigo 205, Inciso X. Valorização da experiência extra-escolar. E segundo Moaci Alves Carneiro: “... o extra-escolar não é a sub-educação. Pelo contrário, o extra-escolar é o trabalho, a convivência, o lazer, a família, o amor, a festa, a igreja, o esporte em diferentes modalidades, a vida, enfim.”
[1] Partindo desse pressuposto devemos está atentos para não confundirmos “currículo” com “grade curricular”:
“Nesta última, temos a enumeração e as nomenclaturas dadas às disciplinas de um currículo. Mas currículo é muito mais do que isso. De modo, diremos que currículo é o conjunto programado de atividades que são organizadas para promover o conhecimento dos alunos.
Neste sentido, os recreios, os teatros, o grêmio da escola, o jornal da classe, o painel de troca e serviços que os alunos organizam, um passeio, a visita a uma indústria, a exposição da escola vizinha – tudo é currículo. No entanto, o currículo não é algo aleatório e ocasional. Ele é o conjunto de atividades que os planejadores educacionais organizam, intencionalmente, para formar um tipo de cidadão e de ser humano.”
São estes pontos que devem nortear o processo de formação e cidadania da comunidade “CEJDC”, entendemos comunidade como a participação ativa de todos os setores que a constituem: corpo discente, corpo docente, técnico-adiministrativo, pais e cidadãos do município de Água Fria.
A LDB propõe quatro conceitos estruturantes do novo mapa de referência da escola, enquanto palco principal do processo educativo:
a) Prática Social: atividade socialmente produzida e, ao mesmo tempo, produtora de existência social. Significa, também, soma de processos históricos determinados pelas ações dos homens;
b) Mundo do trabalho: Ambiente de construção de sobrevivência, mas também de transformação social;
c) Movimentos sociais: Esforços organizados de construção de espaços alternativos de organização coletiva;
d) Manifestações culturais; trata-se de expressões da cultura enquanto conceito antropológico e se reporta ao mundo que o homem cria através de sua intervenção sobre a natureza, ou seja, através do seu trabalho. Nesse sentido, não há cultura superior à outra, há, isto sim, culturas diferentes.
Para a efetivação deste projeto transformador devemos neste momento rasgar o velho chavão “mate a curiosidade” com o qual nos dirigimos aos discentes durante décadas e tomarmos como novo paradigma o “despertar e alimentar a curiosidade” como força motriz da mudança. Todo este processo educacional encontra-se alicerçado na gestão democrática e participativa, tendo como lema “Todos pela educação”, para juntos alcançarmos o sucesso não podemos reproduzir a “meritocracia” e premiar somente aqueles que se destacam, mas observávamos o “jeito de caminhar” de cada um dos indivíduos envolvidos e respeitar as singularidades. É somente respeitando as singularidades que poderemos formar cidadãos críticos e participantes deste momento de mudanças.
CRITÉRIOS PARA PARTICIPAÇÃO NO PROJETO ESCOLA ABERTA
Todo professor deverá apresentar um projeto de acordo com a sua área de conhecimento levando em conta o Artigo 35 da LDB que diz respeito “às finalidades atribuídas ao ensino médio: o aprimoramento do educando como ser humano, sua formação ética, desenvolvimento de sua autonomia intelectual e de seu pensamento crítico, sua preparação para o mundo do trabalho e o desenvolvimento de competências para continuar seu aprendizado.”
[2] Também deverá destacar no seu projeto a “integração e articulação dos conhecimentos em processo permanente de interdisciplinaridade e contextualização. É fundamental tal procedimento para que haja uma continuidade no projeto a ser desenvolvido, desta forma faz-se necessário que o projeto estabeleça um diálogo com pelo menos duas outras disciplinas das outras áreas de conhecimento. No projeto deverá constar: qual o apoio pedagógico necessário para sua realização, cronograma com as datas e a duração do mesmo, material permanente a ser utilizado, espaço físico a ser utilizado, coordenador do projeto, articulador de área, diretor do colégio, monitores. Neste primeiro momento: as pessoas envolvidas no projeto deverão fazer parte da comunidade “CEJDC (estudantes, professores, funcionários e moradores do município)” e aderirem ao mesmo demonstrando interesse, habilidades e competências para o enriquecimento das ações planejadas. A integração e articulação dos conhecimentos em processo permanente de interdisciplinaridade e contextualização gera a continuidade da seguinte forma: digamos que o professor “A” da área de linguagens construa um projeto que estabeleça diálogos com disciplinas da área de Humanas e a área de Exatas, o desenvolvimento do projeto poderá ocorrer com um encontro mensal com a presença dos três professores ou poderá ocorrer três vezes ao mês, sendo cada encontro coordenado por um dos docentes envolvidos, desde que seja feito um relatório do que aconteceu para o coordenador do encontro seguinte.
APOIO TÉCNICO-AMINISTRATIVOA) Quatro professores cada sábado.
B) Dois monitores para cada professor perfazendo um total de oito.
C) Dois funcionários para limpeza e arrumação do espaço físico a ser utilizado.
D) Um funcionário para biblioteca.
E) Presença do diretor ou um vice.
SUGESTÕES DE ATIVIDADES E AÇÕES A SEREM REALIZADAS
ÁREA DE LINGUAGENS- Estabelecer critérios e colocar em funcionamento a “Rádio-CEJDC”;
- Criar juntamente com o grêmio o “Jornal Estudantil”, que deverá ser produzido no ambiente virtual da “Web” levando-se em conta a velocidade da informação nos dias atuais e ter uma edição mensal impressa de poucos exemplares que possam ser pregados em locais públicos (correio, farmácias, padarias, etc). A proposta de poucos exemplares impressos é para que tenhamos uma postura ativa, crítica e de acordo com a defesa do meio-ambiente.
- Criar a “Comunidade CEJDC” no orkut, trabalhar com os docentes o uso dos blogs e microblogs (twitter) como ferramentas de inclusão e transformação social.
- Divulgar e atualizar o blog já existente coljoaodurvalcarneiroaguafriaba.blogspot.com
- Realizar o Sarau Cultural mensal aberto à participação de todos.
- Desenvolver um projeto de leitura segundo as propostas de Paulo Freire e Marisa Lajolo.
- Organizar a biblioteca (acervo e espaço físico tornando-o mais atraente para o usuário)
- Articular a criação de uma “dvdteca (filmes, shows, documentários) e a exibição dos mesmos como atividade extra-curricular.
- Criação e coordenação do grupo de teatro do CEJDC.
ÁREA DE HUMANAS- Implantar o Museu Água Friense. (documentar a história do município através de fotografias)
- Implantar o projeto “ECO” (desenvolvimento de uma consciência ecológica, coleta de lixo seletiva, uso da água potável, reutilização do óleo de cozinha, preservação do patrimônio, etc).
- Desenvolver a “Oficina de dinâmica de grupos” conjuntamente com professores das outras áreas, para tal projeto utilizar o livro com o mesmo título da oficina, de autoria do professor Simão de Miranda e lançado pela editora Papirus. Tal adesão a este projeto implica na construção de relatórios semanais para que ocorra a continuidade do mesmo. A oficina de dinâmicas de grupos poderá ser ofertada para pais e membros da comunidade interessados em participar, como também poderá ser oferecida para alunos. A duração da oficina será de 15 semanas com um encontro todos os sábados, cada um destes encontros corresponderá a dois dos encontros previstos no livro.
- Implantar o programa de Ética e Cidadania proposto pelo MEC , proponho o nome dos seguintes professores: Marcelo, Girlene e Clóvis e dos seguintes docentes: Marina (2c), Mateus (1A) e Nivaldo Jr (3).
ÁREA DE EXATAS- Planejar, organizar e realizar uma Feira de Ciências. Tomando como base os livros:
a) Física mais que divertida (editora UFMG)
b) Química na cabeça (editora UFMG)
c) O homem que calculava (editora record)
d) O diabo dos números (cia das letras)
Todos estes livros estão disponíveis no acervo da escola.
[1] Carneiro, Moacir Alves. LDB fácil, Editora Vozes, Petrópolis – RJ, 1998.
[2] Orientações curriculares para o ensino médio. Linguagens, códigos e suas tecnologias. MEC, Brasília – DF, 2006.